domingo, 30 de agosto de 2009

O milagre Camila


Hoje na catequese, o tema do encontro foi "Sinais de Deus em nossa vida". Tudo girava en torno de milagres. Então, eu discuti com a minha turminha sobre o tema: o que é um milagre? Eles acontecem? Qual a diferença entre milagre e mágica? Por que Jesus fazia milagres?

Não como de costume, a turma estava interessada no assunto, por isso a discussão rendeu e a catequese durou até mais de uma hora.

No final, aproveitei a deixa e pedi para todos rezarem de mãos dadas uma oração pela Camila, que estava em estado grave no hospital, já com morte cerebral. Expliquei aos catequisandos que somente um milagre salvaria linda garota, que ia completar já 15 anos, apesar dos problemas mentais com que nascera.

Expliquei que milagres acontecem se a gente tem fé e que, se fosse da vontade de Deus, que ele operasse um milagre na vida da Camila e a tirasse daquela situação. Que pequenos milagres acontecem todos os dias na nossa vida e a gente nem percebe: o acordar; o canto de um passarinho; a presença de uma pessoa amiga; um abraço da mãe; a nossa própria saúde; um sorriso de uma criança.

Quantos milagres Deus faz que passam despercebidos. Quantos anjos Deus coloca no nossa caminho para nos guiar, que operam pequenos milagres que já se tornaram tão comuns que a gente não percebe mais. Quantas boas ações que fazem a nosso favor; quantas boas ações temos a oportunidade de fazer a todo momento. Milagres.

Surpreendentemente, os catequizandos rezaram com muito entusiasmo. O compromisso da semana foi orar diariamente pela Camila e por todos os doentes que necessitam de um milagre de Deus.

Quando cheguei em casa, ouvi no auto-falante da igreja a notícia da morte da Camila. Naquele momento cheguei a pensar: "Deus não quis operar milagre algum".

Mas depois, acabei concluindo algo muito maior. Algo que estava diante dos olhos. Algo que eu havia acabado de dizer aos catequisandos, mas que de certa maneira, nem eu mesmo entendia. Mas agora eu começo a entender. A sabedoria de Deus é infinita. Tão grande quanto eu sou pequeno diante dEle. É além da minha compreensão.

A Camila era o próprio milagre.

sábado, 15 de agosto de 2009

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Borromeu e o macarrão

Quando o Lima mostrou a ladainha pra gente, a Sandra cantou "São Carlos Bartolomeu". E a gente "Rogai por nós". Mas o Lima veio e corrigiu: "Não é São Carlos Bartolomeu, é São Carlos BORROMEU!".

São Carlos o quê?

Daquele momento em diante, toda vez que a Sandra cantava essa parte da ladainha, ninguém agüentava e dava risada. "São Carlos Borro... kkkkkk". Mas fazer o que... o nome é engraçado mesmo. Até propus que o nome do grupo fosse São Carlos Borromeu, mas não colou.

Hoje eu, Danilo, tive a honra de fazer uma entrevista com este nobre santo. Não posso revelar onde foi, mas quando cheguei, ele estava comendo um prato de macarrão. Em vez de eu fazer as perguntas, foi ele quem começou:

Servido?

Não. Obrigado.
Por que meu nome causa tanto motivo de risos no grupo de vocês?

Porque é engraçado.
O que tem de engraçado em Borromeu?

(comecei a rir) Nada, é que é estranho. Não é dos mais bonitos. Com todo o respeito, nem sabia eu de vossa existência. Muito menos com esse nome.

E engolindo uma garfada, respondeu cordialmente:

Pois é. Borromeu é por parte de pai. Meu pai era um conde chamado Gilberto Borromeo, com "o". Passado para a sua língua, fica "u" no final (ri baixinho, mas ele não ouviu). Minha mãe se chamava Margarete de Medici.

Bem que tu poderias chamar-te São Carlos de Medici, não é?
É verdade, ficaria mais bonito. Mas a tradição era colocar no filho o sobrenome do pai. E se fosse "de Medici", vocês nem me reparariam na ladainha, você não ficaria curioso e não estaria fazendo esta entrevista agora. Talvez eu nem estivesse na ladainha, porque a melodia não ficaria legal.

Vejo que és muito sábio.
Modéstia a parte, sou sim. Tive boa formação na Itália, onde nasci. Aos 21 anos já era doutor em lei civil e canônica.

Onde nascestes?
Em 2 de outubro de 1538 em Arona. E morri em 1584 em Milão.

Orando antes da refeição

É verdade que eras sobrinho do papa Pio IV?
É sim. Inclusive, logo depois que me formei, meu tio... quero dizer... o papa me nomeou secretário de Estado e, mais tarde, administrador de Milão.

Mas isso não é nepotismo?
Nepotismo? O que é isso?

Ah, deixa pra lá. Mas conta mais. Como foi o Concílio de Trento? Teves um papel importante lá?
Bem lembrado. O concílio estava suspenso desde 1552. Mas eu falei um monte na cabeça do meu tio... quero dizer... do sume sacerdote, e ele resolvou reconvocar. Daí, eu aproveitei e participei da reforma. Escrevei decretos, tomei decisões. Um monte de coisa.

Fostes ordenado padre?
Fui. Mas não sem antes recusar o título de conde, quando meu pai morreu. E só exerci a função de padre quando o Concílio de Trento aprovou o novo catecismo, o breviário e o missal escritos por mim mesmo.

Porque é que todos os santos que conheço tiveram histórias com o povo pobre e o senhor não? Ficastes apenas no alto escalão da igreja?
Não, claro que não. Quando uma severa seca assolou a região em que eu morava, eu conseguiu alimentar cerca de 3 mil pessoas durante três meses, com a ajuda de amigos. Em 1576 um praga devastou Milão e todo mundo ficou doente. Eu cuidava pessoalmente das pessoas nas ruas.

Ele tinha um narizão

Quando tornastes santo?
Fui canonizado em 1610. Meu dia é o 4 de novembro. Lembre-se de mim hein.

E limpou o canto da boca, sujo de molho de tomate.

Qual a sua função?
Sou invocado contra as pragas e doenças. Mas não adianta só ficar me invocando. Tem de ir ao médico também. Sou santo, mas paciência tem limite.

Sabe como curar a gripe suína?
Ainda não tenho a vacina.

És pouco conhecido...
É verdade. Por causa de São Pedro, Santo Antonio, São João e mais alguns aí, as pessoas não me conhecem muito. Mas por um lado é bom, porque me dá menos trabalho. Outro dia eu visitei Santo Antonio e o coitado estava ficando zureta de tanto pedido de casamento. Não conseguimos nem conversar. Assim, livre, eu posso até comer o meu macarrão. Quer um pouco?

Não obrigado. Gostaria apenas de pedir desculpas pelas risadas quando soubemos de vosso nome. São sabíamos que eras tão importante.
Não se preocupe, eu não ligo. Há outro piores como Danilo Lemos Felipe (nome-verbo-nome), Sandra Valéria, Elizaiana Tonha, Jahn Pierre, Ogomar...

E soltou uma gostosa risada. Cheia de macarrão.